sexta-feira, 3 de janeiro de 2014

Nova publicação em TURISMO ADAPTADO

Arquitetura e Acessibilidade nos cinemas: Um jogo entre o espaço disponível e as normas

by Ricardo Shimosakai
'A acessibilidade no cinema vai além de um espaço para cadeira de rodas', diz Ricardo Shimosakai, Diretor da Turismo Adaptado.'A acessibilidade no cinema vai além de um espaço para cadeira de rodas', diz Ricardo Shimosakai, Diretor da Turismo Adaptado.
Com o final da Segunda Guerra e da guerra do Vietnã, Europa e Estados Unidos passaram a se deparar com a necessidade de se acolher em espaços públicos a presença de pessoas com necessidades especiais – cadeirantes, deficientes visuais, deficientes auditivos entre outros. Nos anos 70 começaram a ser esboçadas leis para impor a criação de adaptações em espaços de trabalho, ensino, cultura e lazer.
Esse tema só entrou em pauta no Brasil entre as décadas de 80 e 90 e apenas nos últimos 15 anos essa enorme parcela da população passou a ser vista nas ruas, em escritórios, nos parques, teatros, shows e cinemas.
Segundo dados da OMS (Organização Mundial de Saúde), 10% da população de cada país tem algum tipo de deficiência. Somente na cidade de São Paulo são 2,8 milhões (segundo dados do IBGE) que devem ter garantidos seus direitos de acesso a todos os espaços públicos, transportes e espaços de lazer.
Ao mesmo tempo em que leis, normas e regras foram sendo criadas e ditadas – entre elas a NBR 9050 e o Manual da CPA (Comissão Permanente de Acessibilidade) de São Paulo -, os empresários passaram a investir na sustentabilidade de seus negócios e em projetos sociais, neles incluídos o obrigatório respeito aos portadores de necessidades especiais. E desde a entrada em vigor da Lei de Cotas, em 1991, as empresas foram obrigadas a inserir em seus quadros portadores de necessidades especiais.
Foi nesse momento que os espaços públicos e comerciais passaram a necessitar de amplas reformas que atendessem às normas e acolhessem a presença dos cadeirantes, das pessoas que usam muletas ou bengalas, dos deficientes visuais e auditivos, entre outros portadores de deficiências.
Os arquitetos então mergulharam de corpo e alma neste grande desafio: manter a criatividade na elaboração de espaços atendendo a todos os pré-requisitos para a acessibilidade.
Atualmente, para todos os espaços públicos e de lazer, edifícios comerciais e até residenciais multifamiliares, são necessários projetos que contemplem a acessibilidade.
E quem frequenta as salas de cinema percebe claramente a importância dos projetos arquitetônicos com esse foco. É um grande desafio atender a todas as normas e legislações de órgãos públicos, assim como a normatização da própria rede de cinemas, no desenvolvimento de projetos que muitas vezes têm que se adaptar a áreas compactas e pré-definidas e criar espaços agradáveis e confortáveis para todos os usuários.
Porém, nas salas de cinema as demandas são constantes e os projetos mais questionados já que frequentados por um público grande e diversificado em todo o território nacional. As normas se aplicam a todas as áreas públicas de um cinema, principalmente nos acessos, bilheteria, bomboniere, circulação, sanitários e posições na plateia.
As salas começam a ser projetadas a partir do número de poltronas que estarão disponíveis. Desse total, em média 2% dos lugares serão especiais para cadeiras de rodas, incluído um acompanhante ao lado. Os lugares especiais podem ser distribuídos em várias partes da sala, prevendo sempre a necessidade de rampas com inclinação suave. Os cadeirantes devem ocupar lugares em que sejam respeitados ângulos pré-determinados entre o ponto de visão e a tela para uma perfeita visualização.
Para os deficientes visuais, o piso deve ser tátil no início e final das escadas e rampas. No início e final de corrimãos de escadas e rampas deve haver sinalização em Braille.
Para que um cinema em São Paulo receba o selo de “acessível”, deve sempre estar de acordo com todas as normas da CPA. E a cada nova demanda, novas reformas são promovidas.
Trabalhamos dentro de um jogo entre o espaço disponível e as normas. Mas não podemos perder o foco do bem-estar e respeito às pessoas com necessidades especiais, desde o momento em que chegam à bilheteria, passam pela bomboniere, utilizam os sanitários, acomodam-se nos lugares e assistem ao filme.
Fonte: segs

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