domingo, 10 de agosto de 2014

GRANDE POETA AMIGO DO RIO DE JANEIRO

PERDÃO, MEU AMIGO!
Ary Franco (O Poeta Descalço)

Era uma vez dois amigos que brigaram e nunca mais voltaram a se falar.
Eram inseparáveis, uma só alma, mas seus caminhos tomaram rumos diferentes e se separaram.

Eu nunca voltei a saber do meu amigo até o dia de hoje, depois de 10 anos. Uma força estranha impeliu-me a procurá-lo, viajar, saber se ainda morava na mesma casa.
Fui atendido pela mãe dele. Cumprimentei-a, nos abraçamos, e perguntei pelo meu amigo.
Seus olhos se encheram de lágrimas e disse-me soluçando:
__Foi sepultado ontem...
Atônito, não soube o que dizer. Ela continuou me olhando e então perguntei como ele tinha morrido.
Convidou-me a entrar e sentei-me na velha sala onde passei boa parte de minha infância. Sempre brincáramos ali, meu amigo e eu.
Sentei-me, e ela começou a narrar uma triste história.
__Fazia 2 anos que diagnosticaram uma rara enfermidade, e sua cura dependia de receber mensalmente uma transfusão de sangue durante 3 meses, mas... recordas que seu sangue era muito raro?
__Sim, eu sei, igual ao meu...
__Ele dizia que só receberia o sangue de ti, mas não quis que te procurássemos. Repetia todas as noites:
”Não o procurem, tenho certeza que amanhã ele aparecerá...”
__Assim passaram-se os meses, e todas as noites se sentava nessa mesma cadeira onde estás  agora e orava para que te lembrasses dele e viesses na manhã seguinte.
__O tempo passou e na última noite de sua vida, mesmo sentindo-se muito mal, sorrindo me disse:
”Mãe, eu sei que logo meu amigo virá, pergunta por que ele demorou tanto e entrega-lhe o bilhete que está na minha gaveta.”
A senhora se levantou, regressou e me entregou o bilhete que dizia:
“Meu amigo, sabia que virias! Tardastes um pouco mas não importa, o principal é que viestes. Agora estou te esperando em outro lugar, espero que demores a vir pra cá, mas enquanto isso, quero dizer que aqui no céu tens um amigo olhando por ti.
Ah...! Por certo, te recordas por que nós nos distanciamos!
Sim, foi por não querer te emprestar minha bola nova, que tempos hein?! Éramos ainda crianças. Pois quero dizer que agora será tua, de presente, e espero que gostes muito dela.
Teu amigo de sempre e para sempre!
Toninho”
Chorando convulsivamente, levantei-me, abracei Da. Geraldina, recebi dela a bola que foi o pivô da briga com meu amigo e voltei para minha casa, pensando o quanto somos frágeis em mantermos nossas amizades.
Quebramo-las pelos motivos mais banais e descabidos: intolerância, orgulho, altivez, falta de humildade e de compreensão...
Até breve meu amigo, perdoa-me! Qualquer dia estarei contigo e nos abraçaremos, se Deus assim o permitir!



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